segunda-feira, 6 de abril de 2015

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DE ARTE

Nas aulas de Arte é necessária a unidade de abordagem dos conteúdos estruturantes, em um encaminhamento metodológico orgânico, onde o conhecimento, as práticas e a fruição artística estejam presentes em todos os momentos da prática pedagógica, em todas as séries da Educação Básica.
Para preparar as aulas, é preciso considerar para quem elas serão ministradas,
como, por que e o que será trabalhado, tomando-se a escola como espaço de conhecimento. Dessa forma, devem-se contemplar, na metodologia do ensino da arte, três momentos da organização pedagógica:

Teorizar: fundamenta e possibilita ao aluno que perceba e aproprie a obra artística, bem como, desenvolva um trabalho artístico para formar conceitos artísticos
Sentir e perceber: são as formas de apreciação, fruição, leitura e acesso à obra de arte
Trabalho artístico: é a prática criativa, o exercício com os elementos que compõe uma obra de arte
O trabalho em sala poderá iniciar por qualquer um desses momentos, ou pelos três simultaneamente. Ao final das atividades, em uma ou várias aulas, espera-se que o aluno tenha vivenciado cada um deles.

Teorizar
Teorizar é a parte do trabalho metodológico que privilegia a cognição, em que a racionalidade opera para apreender o conhecimento historicamente produzido sobre arte.
Tal conhecimento em arte é alcançado pelo trabalho com os conteúdos estruturantes elementos formais, composição, movimentos e períodos, abordados nas Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Esse conhecimento se efetiva quando os três momentos da metodologia são trabalhados.
É imprescindível que o professor considere a origem cultural e o grupo social dos
alunos e que trabalhe nas aulas os conhecimentos originados pela comunidade. Também é importante que discuta como as manifestações artísticas podem produzir significado de vida aos alunos, tanto na criação como na fruição de uma obra. Além disso, é preciso que ele reconheça a possibilidade do caráter provisório do conhecimento em arte, em função da mudança de valores culturais que pode ocorrer através do tempo nas diferentes sociedades e modos de produção.
Assim, o conteúdo deve ser contextualizado pelo aluno, para que ele compreenda a obra artística e a arte como um campo do conhecimento humano, produto da criação e do trabalho de sujeitos, histórica e socialmente datados.

Sentir e perceber
No processo pedagógico, os alunos devem ter acesso às obras de Música, Teatro, Dança e Artes Visuais para que se familiarizem com as diversas formas de produção artística. Trata-se de envolver a apreciação e apropriação dos objetos da natureza e da cultura em uma dimensão estética.
A percepção e apropriação das obras artísticas se dão inicialmente pelos sentidos. De fato, a fruição e a percepção serão superficiais ou mais aprofundadas conforme as experiências e conhecimentos em arte que o aluno tiver em sua vida. O trabalho do professor é de possibilitar o acesso e mediar a percepção e apropriação dos conhecimentos sobre arte, para que o aluno possa interpretar as obras, transcender aparências e apreender, pela arte, aspectos da realidade humana em sua dimensão singular e social. Ao analisar uma obra, espera-se que o aluno perceba que, no processo de composição, o artista imprime sua visão de mundo, a ideologia com a qual se identifica, o seu momento histórico e outras determinações sociais. Além de o artista ser um sujeito histórico e social, é também singular, e na sua obra apresenta uma nova realidade social.
Para o trabalho com os produtos da indústria cultural, é importante perceber os mecanismos de padronização excessiva dos bens culturais, da homogeneização do gosto e da ampliação do consumo.
A filósofa Marilena Chauí (2003) apresenta alguns efeitos da massificação da indústria cultural que constituem referência para este trabalho pedagógico. Para Chauí, em função das interferências da indústria cultural, as produções artísticas correm riscos em sua força simbólica, de modo que ficam sujeitas a:
perda da expressividade: tendem a tornar-se reprodutivas e repetitivas;
empobrecimento do trabalho criador: tendem a tornar-se eventos para consumo;
redução da experimentação e invenção do novo: tendem a supervalorizar a moda e o consumo;
efemeridade: tendem a tornar-se parte do mercado da moda, passageiro, sem passado e sem futuro;
perda de conhecimentos: tendem a tornar-se dissimulação da realidade, ilusão falsificadora, publicidade e propaganda.
Ressalta-se ainda que a humanização dos objetos e dos sentidos se faz pela apropriação do conhecimento sistematizado em arte, tanto pela percepção quanto pelo trabalho artístico.

Trabalho Artístico
A prática artística – o trabalho criador – é expressão privilegiada, é o exercício da imaginação e criação. Apesar das dificuldades que a escola apresenta para desenvolver essa prática, ela é fundamental, pois a arte não pode ser apreendida somente de forma abstrata. De fato, o processo de produção do aluno acontece quando ele interioriza e se familiariza com os processos artísticos e humaniza seus sentidos.
Essa abordagem metodológica é essencial no processo pedagógico em Arte. Os três aspectos metodológicos abordados nesta Diretriz – teorizar, sentir e perceber e trabalho artístico – são importantes porque sendo interdependentes, permitem que as aulas sejam planejadas com recursos e encaminhamentos específicos. O encaminhamento do trabalho pode ser escolhido pelo professor, entretanto, interessa que o aluno realize trabalhos referentes ao sentir e perceber, ao teorizar e ao trabalho artístico.

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Artes Visuais
Sugere-se para a prática pedagógica, que o professor aborde, além da produção
pictórica de conhecimento universal e artistas consagrados, também formas e imagens de diferentes aspectos presentes nas sociedades contemporâneas. O cinema, televisão, vídeoclipe e outros são formas artísticas, constituídas pelas quatro áreas de Arte, onde a imagem tem uma referência fundamental, compostas por imagens bidimensionais e tridimensionais. Por isso, sugere-se que a prática pedagógica parta da análise e produção de trabalhos artísticos relacionados a conteúdos de composição em Artes Visuais, tais como:
imagens bidimensionais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografia, propaganda visual;
imagens tridimensionais: esculturas, instalações, produções arquitetônicas;
Os conteúdos devem estar relacionados com a realidade do aluno e do seu entorno. Nessa seleção, o professor pode considerar artistas, produções artísticas e bens culturais da região, bem como outras produções de caráter universal. Assim, é importante o trabalho com as mídias que fazem parte do cotidiano das crianças, adolescentes e jovens, alunos da escola pública.
Uma obra de arte deve ser entendida como a forma pela qual o artista percebe o mundo, reflete sua realidade, sua cultura e sua época, dentre outros aspectos. Esse conjunto de conhecimentos deve ser o ponto de partida para que a leitura da obra componha a prática pedagógica, que inclui a experiência do aluno e a aprendizagem pelos elementos percebidos por ele na obra de arte.
Trabalhar com as artes visuais sob uma perspectiva histórica e crítica, reafirma a discussão sobre essa área como processo intelectual e sensível que permite um olhar sobre a realidade humano-social, e as possibilidades de transformação desta realidade.
Tal processo pode ser desenvolvido pelo professor ao estabelecer relações entre
os conhecimentos do aluno e a imagem proposta, explorando a obra em análises e questionamentos dos conteúdos das artes visuais. Eis algumas questões propostas:
O que vemos?
Já vimos isso antes?
Quantos e quais elementos visuais percebemos?
Como eles estão organizados?
A obra foi elaborada por meio de desenho, pintura, fotografia, imagens produzidas por computação gráfica?
É importante salientar que o trabalho com a leitura da obra de arte contempla um dos momentos de encaminhamento metodológico, o sentir e perceber. Para completar o encaminhamento metodológico é necessário desenvolver um trabalho artístico, fundamentando este trabalho e a leitura com o conhecimento teórico da Arte. Outra importante possibilidade de trabalho é o estabelecimento de relações das artes visuais com as outras áreas artísticas. A máscara no Teatro, o registro gráfico da Música ou o figurino e a maquiagem da Dança são exemplos de relações possíveis. Essa prática pedagógica promove uma forma de percepção mais completa e aprofundada no que se refere ao conhecimento em Arte, principalmente ao se trabalhar com as manifestações populares e midiáticas, que são compostas por todas as áreas artísticas.
Segue um exemplo de trabalho com as artes visuais sob a perspectiva teórica proposta nestas Diretrizes:
-Inicialmente, o professor poderá pedir que cada aluno desenhe diversas linhas, de formas e tamanhos diferentes, para juntos observarem e discutirem a expressividade, o peso, o movimento que cada uma pode ocupar nesse espaço (teorização).
Depois, os alunos podem desenvolver composições e criar efeitos de movimento e de organização do espaço, tendo como referencial o estudo de linhas já realizado (trabalho artístico).
Em seguida, o professor poderá mostrar obras (sentir e perceber) de artistas que deram ênfase ao uso de linhas e, também, expor as composições dos alunos para apreciação e apropriação dos trabalhos pelos próprios colegas.

Dança
Para o ensino da Dança na escola, é fundamental buscar no encaminhamento das aulas a relação dos conteúdos próprios da dança com os elementos culturais que a compõem. É necessário rever as abordagens presentes e modificar a ideia de que a Dança aparece somente como meio ou recurso “para relaxar’, ‘para soltar as emoções’, ‘para expressar-se espontaneamente’, ‘para trabalhar a coordenação motora’ ou até ‘para acalmar os alunos” (MARQUES, 2005, p. 23).
A dança tem conteúdos próprios, capazes de desenvolver aspectos cognitivos que, uma vez integrados aos processos mentais, possibilitam uma melhor compreensão estética da Arte.
Os elementos formais da dança, nestas diretrizes, são:
movimento corporal: o movimento do corpo ou de parte dele num determinado tempo e espaço;
espaço: é onde os movimentos acontecem, com utilização total ou parcial do espaço;
tempo: caracteriza a velocidade do movimento corporal (ritmo e duração).
O elemento central da Dança é o movimento corporal, por isso o trabalho pedagógico pode basear-se em atividades de experimentação do movimento, improvisação, em composições coreográficas e processos de criação (trabalho artístico), tornando o conhecimento significativo para o aluno, conferindo-lhe sentido a aprendizagem, por articularem os conteúdos da dança.
Entender a dança como expressão, compreender as realidades próximas e distantes, perceber o movimento corporal nos aspectos sociais, culturais e históricos (teorizar), são elementos fundamentais para alcançar os objetivos do ensino da dança na escola.
Nas aulas de Arte, questões sobre “sentir e perceber” devem ser enfocadas pelo professor, tais como:
De que maneira o corpo se movimenta no espaço?
Que relações há entre movimento e tempo?
Quais passos se repetem com mais frequência na coreografia?
Há ocorrência de giros, saltos e quedas?
Essas questões devem ser observadas em danças realizadas pelos alunos e por grupos amadores e profissionais.
Além disso, alguns encaminhamentos podem ser realizados, tais como:
criação de formas de registro gráfico da formação inicial e dos passos sequenciais;
uso de diferentes adereços;
proposta de criações, improvisações e execuções coreográficas individuais e coletivas;
identificação do gênero a que pertence a dança e em que época foi concebida.
Ao selecionar os conteúdos de Dança que pretende desenvolver com seus alunos, o professor precisa considerar o contexto social e cultural, ou seja, o repertório de dança dos alunos, seus conhecimentos e suas escolhas de ritmos e estilos.
Para se efetivar o trabalho com a dança na escola, há que se considerar algumas questões: como a de gênero, as de necessidades especiais motoras e as de religião, como o caso de algumas religiões que desaprovam a dança, ou por outro lado, do cuidado necessário com as danças religiosas que podem impor o caráter litúrgico implícito nas mesmas.

Música
Desde o nascimento até a idade escolar, a criança é submetida a uma grande oferta musical que tanto compõe suas preferências relacionadas à herança cultural, quanto interfere na formação de comportamento e gostos instigados pela cultura de massa. Por isso, ao trabalhar uma determinada música, é importante contextualizá-la, apresentar suas características específicas e mostrar que as influências de regiões e povos misturam-se em diversas composições musicais.
Para se entender melhor a música, é necessário desenvolver o hábito de ouvir os sons com mais atenção, de modo que se possa identificar os seus elementos formadores, as variações e as maneiras como esses sons são distribuídos e organizados em uma composição musical. Essa atenção vai propiciar o reconhecimento de como a música se organiza.
A música é formada, basicamente, por som e ritmo e varia em gênero e estilo. O
som é constituído por vários elementos que apresentam diferentes características e podem ser analisados em uma composição musical ou em sons isolados. Os elementos formais do som são: intensidade, altura, timbre, densidade e duração. A intensidade do som é o elemento responsável por determinar se uma sequência de sons fica mais ou menos intensa, ou seja, se são fortes ou fracos.
Essa intensidade depende da força com que o objeto sonoro é executado. Em uma execução musical, essa propriedade é responsável pela dinâmica empregada pelos instrumentistas e/ou vocalistas em determinados trechos musicais.
A altura define que algumas seqüências de sons podem ser agudas e outras graves. Essas diferenças entre as alturas dos sons acontecem sempre em relação a outros sons e geram as notas musicais, que são dispostas em uma escala, distribuídas em uma seqüência que se repete infinitamente.
Outro elemento que constitui o som é o timbre: responsável por caracterizar o som e fazer com que se identifique a fonte sonora que o emitiu. Como por exemplo: uma sirene, um instrumento musical, a voz de uma pessoa.
Quando um conjunto de sons acontece ao mesmo tempo, dizemos que há uma grande densidade. Na música, a densidade acontece quando vários instrumentos ou vozes são executados simultaneamente, como em uma banda, coral, orquestra e outras formas.
A duração é o elemento responsável por determinar que qualquer som acontece em um tempo específico relacionado a sua fonte sonora. Alguns sons são de durações mais longas; outras, mais curtas e em alguns momentos não se ouve som nenhum – são os momentos de silêncio. Na música, o silêncio é chamado de pausa. Quando se combina uma sequência de sons e/ou silêncios, está se criando um ritmo. O ritmo, então, é o organizador do movimento ordenado dos sons e silêncio em um determinado empo.Esses elementos do som relacionam-se, podendo ser combinados sucessiva e/ ou simultaneamente. A combinação de sons sucessivos é chamada de melodia. A melodia organiza os sons emitidos em diferentes alturas durante um determinado período de tempo; por outro lado, a combinação de sons simultâneos corresponde à harmonia, cujas notas musicais combinadas em um trecho musical são tocadas ao mesmo tempo. Ritmo, melodia e harmonia, portanto, são os elementos de composição que constituem a Música.
Esses elementos auxiliam na compreensão da música e a perceber as diversas formas de como ela é estruturada e organizada. As composições musicais apresentam-se em gêneros diferentes como, por exemplo, o cantochão, cantada por um solista ou coro com vozes entoadas na mesma altura; o fandango paranaense, conjunto de danças regionais chamadas marcas, acompanhadas de violas, rabeca, adufo ou pandeiro, batidas de tamancos e versos cantados; a ópera, peça dramática na qual a história é contada por meio do canto e de ações e representações, acompanhada por uma orquestra; entre muitos outros.
No panorama musical, existe uma diversidade de estilos e de gêneros musicais, cada qual com suas funções correspondentes a épocas e regiões. Cada povo ou grupo cultural produz músicas diferentes ao longo de sua história; surgem, assim, diferentes gêneros musicais. Eles não são isolados; sofrem transformações com o tempo, por influência de outros estilos e movimentos musicais que se incorporam e adaptam-se aos costumes, à cultura, à tecnologia, aos músicos e aos instrumentos de cada povo e de cada época.
Na música erudita, as formas musicais estão relacionadas aos movimentos da história da música, principalmente com as composições do período entre 1750 e 1840, quando estas formas musicais adquiriram importância. Exemplos: a sinfonia, o concerto e o quarteto de cordas mostram também a transformação que as melodias e as formas musicais sofreram ao longo do tempo.
A música popular, por sua vez, tem origem nas festas e rituais, compostas por melodias e canções de um povo, que passam de geração a geração e tem como característica marcante o ritmo. A música, então, é uma forma de representar o mundo, de relacionar-se com ele, de fazer compreender a imensa diversidade musical existente, que de uma forma direta ou indireta interfere na vida da humanidade.
Como sugestão de encaminhamento metodológico, segue exemplo de como se trabalhar com um videoclipe:
1. apreciação e análise do videoclipe (música, imagem, representação, dança...), com ênfase na produção musical, observando a organização dos elementos formais do som, da composição e de sua relação com os estilos e gêneros musicais;
2. seleção de músicas de vários gêneros para compor outra trilha sonora para a mesma cena do videoclipe, observando se há mudança no sentido da cena;
3. construção de instrumentos musicais, com vários tipos de materiais, para produções musicais com diversos arranjos instrumentais e vocais, compondo efeitos sonoros e música para o videoclipe;
4. registro de todo o material sonoro produzido pelos alunos, por meio de gravação em qualquer mídia disponível.

Para o desenvolvimento do trabalho é importante que ocorram os três momentos na organização pedagógica: o sentir e perceber a obra conforme sugerido no primeiro item; o trabalho artístico que está relacionado nos itens dois, três e quatro; o teorizar em arte que contempla todos os itens. É importante lembrar que o trabalho em sala pode iniciar por qualquer um desses momentos ou por todos, simultaneamente.

Teatro
Dentre as possibilidades de aprendizagem oferecidas pelo teatro na educação, destacam-se a: criatividade, socialização, memorização e a coordenação, sendo o encaminhamento metodológico, proposto pelo professor, o momento para que o aluno os exercite. Com o teatro, o educando tem a oportunidade de se colocar no lugar de outros, experimentando o mundo sem correr risco.
Existem diversos encaminhamentos metodológicos possíveis para o ensino de teatro, no entanto se faz necessário proporcionar momentos para teorizar, sentir e perceber e para o trabalho artístico, não o reduzindo a um mero fazer. Uma possibilidade seria iniciar o trabalho com exercícios de relaxamento, aquecimento e com os elementos formais do teatro: personagem – expressão vocal, gestual, corporal e facial, Composição: jogos teatrais, improvisações e transposição de texto literário para texto dramático, pequenas encenações construídas pelos alunos e outros exercícios cênicos (trabalho artístico).
O encaminhamento enfatiza o trabalho artístico, contudo, o professor não exclui a abordagem da teorização em arte como, por exemplo, discutir os movimentos e períodos artísticos importantes da história do Teatro. Durante as aulas, torna-se interessante solicitar aos alunos uma análise das diferentes formas de representação na televisão e no cinema, tais como: plano de imagens, formas de expressão dos personagens, cenografia e sonoplastia (sentir e perceber).
Para o trabalho de sentir e perceber é essencial que os alunos assistam a peças teatrais de modo a analisá-las a partir de questões como:
descrição do contexto: nome da peça, autor, direção, local, atores, período histórico da representação;
análise da estrutura e organização da peça: tipo de cenário e sonoplastia, expressões usadas com mais ênfase pelos personagens e outros conteúdos trabalhados em aula;
análise da peça sob o ponto de vista do aluno: com sua percepção e sensibilidade em relação à peça assistida.
Os conteúdos estruturantes devem ser tratados de forma orgânica, ou seja, mantendo as suas relações:
elementos formais: personagem, ação e espaço cênico;
composição: representação, cenografia;
movimentos e períodos: história do teatro e as relações de tempo e espaço presentes no espaço cênico, atos, cenografia, iluminação e música.
Na metodologia de ensino poderá ser trabalhado com o aluno o conceito de teatro como uma forma artística que aprofunda e transforma sua visão de mundo, sob a perspectiva de que o ato de dramatizar é uma construção social do homem em seu processo de desenvolvimento (teorizar).
O teatro na escola promove o relacionamento do homem com o mundo. E numa sociedade que não compreende o sujeito em sua totalidade, fragmentando-o, surge a necessidade de integrar as partes que compõem esse sujeito, desenvolver a intuição e a razão por meio das percepções, sensações, emoções, elaborações e racionalizações, com o objetivo de propiciar ao aluno uma melhor maneira de relacionar-se consigo e com o outro.
O trabalho pedagógico com as encenações deve considerar que elas estão presentes desde os primórdios da humanidade, nos ritos como expressão de diferentes culturas, nos gêneros (da tragédia, da comédia, do drama, entre outros), nas correntes estéticas teatrais, nos festejos populares, nos rituais do nosso cotidiano, na fantasia e nas brincadeiras infantis, sendo as mesmas, manifestações que pertencem ao universo do conhecimento simbólico do ser humano.
É fundamental que os conhecimentos específicos do teatro estejam presentes nos conteúdos específicos da disciplina a fim de contribuir para a formação da consciência humana e da compreensão de mundo. Esses elementos permitem que o ensino de Teatro, extrapole as práticas que o restringem a apenas uma oportunidade de produção de espetáculos ou como mero entretenimento.
Para que a presença do teatro na escola seja coerente à concepção de Arte adotada nessas Diretrizes, busca-se superar a ideia do teatro somente como atividade espontânea ou de espetáculo comemorativo.
As montagens voltadas somente a festividades na escola; a mecanização da expressão dramática, quando os alunos são levados a decorar falas, gestos e postura no palco; a produção de falas, figurinos, cenas e cenários estereotipados; o virtuosismo, ou seja, a valorização de alunos que já possuem experiência ou facilidade de representar, em oposição aos alunos intimidados que participariam apenas por se sentirem coagidos pelo professor, em busca de nota, são práticas que pouco contribuem para que o aluno construa conhecimentos em Arte. O teatro na escola tem o seu valor ampliado não só ao abrir possibilidades para apresentações de espetáculos montados pelos professores, e/ou alunos ou companhias itinerantes, mas como espaço que viabiliza o pensar simbólico por meio da dramatização individual ou coletiva.
O Teatro oportunizará aos alunos a análise, a investigação e a composição de personagens, de enredos e de espaços de cena, permitindo a interação crítica dos conhecimentos trabalhados com outras realidades socioculturais.
Esse encaminhamento pode ser iniciado pelo enredo, em cujo conteúdo estão presentes, por meio de metáforas, as relações humanas, dramatizadas por atores ou bonecos, em falas e gestos ou mímicas.
O professor poderá partir de uma obra da literatura dramática universal, da literatura brasileira ou da oralidade (contos, lendas, cantigas populares), uma letra de música, um recorte de jornal, uma fotografia ou pintura, os quais contêm temas sobre situações relevantes do ser humano em sua relação consigo e com o outro. Devem ser consideradas a faixa etária e a realidade dos alunos, para que possam questionar e reelaborar essas temáticas em peças cênicas.
Outra opção é iniciar pelo processo de construção da personagem. Na elaboração do seu perfil físico e simbólico (figurino, adereço, suas ações, espaço, gestual, entonação), devem estar presentes a pesquisa, a exploração, a descoberta individual e coletiva de temáticas e conceitos propostos pelo professor, para que se estimulem discussões acerca da condição humana em seus aspectos sociais, culturais e históricos. Não é aconselhável condicionar o trabalho com teatro na escola à existência de um teatro com palco e platéia separados por cortinas. É necessário que os limites do palco sejam extrapolados sempre que possível.
Na escola, as propostas do enredo e das ações das personagens podem ser valorizadas em espaços alternativos para a cena, afora o anfiteatro e o salão nobre. Dessa maneira, locais inusitados como uma escadaria ou uma simples sala sem qualquer móvel são transformadas em locais que reforçam a intenção da cena e/ou das personagens. Tais relações dão ênfase a um espaço pensado como signo: um espaço cênico.
É na pesquisa, na experimentação e no rompimento com padrões estéticos que se fundamentam as teorias contemporâneas sobre o teatro. Ao serem vivenciadas na escola, as teorias cumprem, ao mesmo tempo, o objetivo de educar pelo teatro e para o teatro.
No tocante à formação de platéia o professor deve trabalhar para que o aluno compreenda e valorize as obras teatrais como bens culturais. Na escola, as propostas devem ir além do teatro convencional, que não pode ser entendido somente em seu formato, mas pelas ideologias de uma época que ele simboliza.
Para o aluno, conhecer outras práticas ligadas às concepções teóricas contemporâneas de teatro não significa apenas inovação, mas a possibilidade de ampliar a sua ideia de mundo, na medida em que reconhece elementos da condição humana da contemporaneidade e os associa à própria vida.
Torna-se interessante que o professor discuta com o aluno aspectos da história recente do Teatro. Desde a década de 1960, no Brasil, diretores e atores têm ido além do tradicionalismo e conservadorismo dos grandes espetáculos voltados a um público de elite seleto.
A arte da representação mudou não somente em sua forma, mas em seus conceitos. Passou a propor ao espectador uma outra realidade, além daquela que se caracterizava como a reprodução da realidade. A cena pode ir muito além disso. Com o estreitamento de fronteiras entre palco e platéia, o diálogo com o espectador se faz de forma mais dinâmica e aberta. Durante a cena e fora dela, fundem-se elementos de várias formas artísticas e tecnológicas. Com isso, abre-se espaço ao experimental no momento em que se propõe ao espectador locais alternativos, oportunidade para reflexão, questionamentos e interação com a cena.
Teatro inclui realidade e fantasia num contato direto com a plateia. Por esse diferencial, a estética teatral não se compara com a dramatização do cinema ou das telenovelas. São linguagens distintas que dependem de uma estrutura tecnológica para acontecer e que podem ter como ponto de análise e discussão as diversas estéticas, as características de interpretação, os espaços e os argumentos escolhidos para o desenvolvimento da história.
O Teatro na escola possui características diferenciadas ao oferecer portunidades que prezem o direito do aluno ao conhecimento a partir dos conteúdos específicos, metodologias de aprendizagem e avaliação.
Na escola, a dramatização evidenciará mais o processo de aprendizagem do que a finalização, a montagem de uma peça. É no teatro e em seus gêneros, propostos como jogo do riso, do sofrimento e do conflito, que se veem refletidas as maneiras de sentir o mundo por meio de um ser criado (a personagem) num mundo criado (a cena).
Essas relações estão presentes, também, em manifestações cênicas como:
danças, jogos e brincadeiras, rituais, folguedos folclóricos como o Maracatu, a Festa do Boi, a Congada, a Cavalhada, a Folia de Reis, entre outras. Tais manifestações podem ser apreendidas como conhecimento e experimento cênico que podem contribuir para integrar e desenvolver o conhecimento estético e artístico do aluno, bem como para ampliar seu modo de pensar e recompor representações de mundo, a partir dos diferentes meios socioculturais.
De modo geral para todas as áreas da disciplina recomenda-se, no encaminhamento metodológico, o enfoque nos seguintes trabalhos com os alunos:
manifestação das formas de trabalho artístico que os alunos já executam, para que sistematizem com mais conhecimentos suas próprias produções;
produção e exposição e exposição de trabalhos artísticos, a considerar a formação do professor e os recursos existentes na escola.


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QUESTÃO 1
Após a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.

QUESTÃO 2
O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.

4 comentários:



  1. QUESTÃO 1
    Após a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.
    Resposta: Faz parte da rotina em sala de aula a abordagem teórica sobre o assunto. Sempre uso um filme, ou estabelecemos uma discussão em torno do assunto, ou levantamos algumas questões até chegarmos ao assunto. É muito particular, pois mesmo que você elabore todos os passos para uma determinada abordagem...sempre poderá dar “errado” ou diferente do que você planejou. Isto faz parte do primeiro aspecto: Teorizar.
    Sobre Sentir e perceber: Em arte sempre trazemos alguma obra (dependendo da linguagem: Música, visuais, dança ou teatro) que seja conhecida ou consagrada para que o aluno perceba como determinadas obras são ou foram concebidas, dentro da teoria que foram abordadas. Sempre questiono este trabalho, apesar de sempre fazê-lo porque o aluno pode se “influenciar” e inibir o seu processo de criação. Por outro lado, corre-se o risco de que ele não entenda bem, se não tiver um contato com a obra que serviu de exemplo. Talvez seja um dos pontos a mudar.
    Sobre o terceiro item: Produção artística: é sempre desejável que cada aluno produza a partir do assunto uma “obra” artística. Este é o item mais polêmico justamente porque as cópias e reproduções são muito comuns. Os elementos que compõe a obra podem ( e devem) ser os mesmos....mas as obras produzidas não.

    QUESTÃO 2
    O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.
    O que falta para que as aulas sejam mais significativas e alcancem seu objetivo é um espaço físico dentro da escola. Nas aulas de artes visuais em que o aluno tenha que pintar por exemplo...as aulas necessitam serem desenvolvidas dentro da sala de aula...em 50 minutos....pois bem: é impossível. Nos horários de arte, sempre peço para que as minhas aulas sejam geminadas....e ainda assim não dá tempo porque os materiais usados para pintura são muitos...
    Nas aulas de Teatro...há necessidade de trabalhar a prática teatral....e sempre atrapalha ( o barulho) as aulas das salas ao lado....então não podemos muitas vezes praticar...
    Nas aulas de música, também teria que ter um espaço para prática musical...ou canto coral....o que também atrapalha as salas ao lado....Se tivesse que mudar algo...seria neste sentido.

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    1. É bem verdade, como mencionei, a questão do espaço para realizarmos as aulas com uma melhora significativa é muito importante, sempre que tivermos uma oportunidade, mencionar esta questão que é fundamental, mesmo se algumas aulas não forem gemidas, seria possível ir a uma sala própria de Arte, pois
      a sala ja poderia estar pronta pra receber este aluno,pois o mesmo deixaria a sala organizada para a próxima turma.

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  2. QUESTÃO 1
    Após a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.
    Conforme leitura do texto “Encaminhamento Metodológico” a utilização dos recursos mencionados, são utilizados de acordo com o Planejamento executado para cada bimestre do ano, elaborado com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica .Os itens e formas de trabalho são executados conforme o ano(série) e abrange praticamente todo contexto da leitura. Ao iniciar um conteúdo é feito de forma teórica, através de leitura ou recurso da TV Pen-Drive para conhecer o Movimento e Período a ser abordado .O aluno visualiza imagem, toca objetos, conhece, percebe o trabalho artístico da obra a forma de produção, identifica os elementos formais que a compõe, de acordo com sua contextualização. Quanto a produção artística, cada aluno constrói uma leitura e releitura individualizada, do imaginário ao criador, tornando-se autor de sua arte, a ser valorizada pelo seu potencial. Somente a questão confecção de instrumentos eu não pratico, pois é executada em ano(série) anterior as lecionadas por mim. Em se tratando de exposição de trabalhos artísticos produzidos pelos alunos, nem sempre há espaço para expor .


    QUESTÃO 2
    O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.
    Uma mudança pertinente à favor da disciplina de Arte é em relação a um espaço apropriado para executar, criar e socializar, pois a certas atividades que são inviáveis serem feitas na sala, e até mesmo para troca de aula, embora em alguns momentos a interdisciplinaridade aconteça Temos um pequeno espaço que não comporta a totalidade de alunos da maioria das turmas, parte das turmas se revezam, o trabalho acontece, mas para o professor a satisfação é incompleta, pois o mesmo não pode estar durante todo o processo em dois lugares ao mesmo tempo.
    Até para nossos colegas de Educação Física é uma prerrogativa as aulas em relação a uma única quadra!
    Mas acreditamos e esperamos que um dia esta realidade seja, apenas uma lembrança do passado...
    Profª Ana Lucia

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